Novas formas de trabalho, organizações e trabalhos atípicos
- Effects Digital Marketing
- 20 de mar.
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As novas formas de trabalho na contemporaneidade impactam as mudanças nas organizações
Desde os tempos remotos, as formas de trabalho foram se adequando às situações existentes em cada época de nossa civilização. Passamos por grandes transformações desde uma economia de subsistência, criando com a Revolução Industrial o balho assalariado e produções em massa, cada vez mais consolidado com o tão conhecido modelo fordista-taylorista no século XX.

Momentos da história perpassados nas últimas décadas pelo fenômeno da globalização e desenvolvimento exponencial da tecnologia que gerou novas formas de se pensar e viver as diversas formas de trabalho.
As transformações produtivas desde o final do século XX não romperam com a lógica capitalista, mas intensificaram a flexibilização do trabalho que resultou em novas modalidades e adaptações que por um lado gerou mais desemprego e precarização do trabalho. Assim, a classe trabalhadora se ajustou, incorporando formas instáveis de emprego, como terceirizados e temporários.
Kovács (2005) prefere o termo "empregos flexíveis" para descrever as novas formas de trabalho, em oposição ao modelo fordista tradicional.
As novas formas de trabalho promovem a flexibilização e a substituição do emprego estável por relações atípicas e precárias. Trabalhadores perdem direitos e precisam se adaptar a um mercado mais competitivo, buscando novas qualificações. Esse modelo enfatiza a autonomia e flexibilidade, mas também reduz garantias formais e estabilidade.
No trabalho atípico, desaparecem as principais características do trabalho padrão, tais como horário de tempo integral, trabalho efetivo, integração organizativa da empresa, garantias formais e contratuais. (VASAPOLLO, 2005).
O que fazia parte da vidas de nossos pais, que geralmente passavam décadas em somente um emprego com sua carteira assinada, benefícios garantidos e somente saíam quando se aposentavam; hoje em dia, o trabalho atípico é marcado por não dependência da organização, maior autonomia e flexibilidade do trabalhador em jornadas atípicas e também flexíveis.
Nessa nova roupagem de um trabalho atípico, podemos observar os motoristas de Uber, que enfrentam suas jornadas conforme as suas próprias necessidades pessoais de horário e de retorno financeiro, no qual ele determina seu horário de trabalho, mas por outro lado também sente a precariedade, na falta de previsão de seus rendimentos mensais e sem tantas garantias e passando por inseguranças físicas diárias sobre o que pode ocorrer durante os trajetos em relação a possíveis acidentes ou roubos que serão custeados por ele mesmo.
A tecnologia também foi responsável pela flexibilidade do trabalho, inclusive no formato de emprego formal com carteira assinada, onde o trabalhador pode em algumas empresas trabalhar em tempo integral em suas casas ou de forma híbrida em home office e no presencial.
Durante a pandemia, as empresas flexibilizaram o trabalho, deixando seus empregados trabalharem em casa. Um formato em que permaneceu mesmo depois do fim da pandemia, já que um dos benefícios para as organizações foi a economia de gastos com estrutura física.
Em estudos realizados pela FGV em 2023, apontam que o home office elevou os níveis de bem-estar e satisfação com a vida de seus adeptos na comparação com os trabalhadores que continuaram a trabalhar presencialmente, gerando também economia de tempo e dinheiro com deslocamentos e disseminando a possibilidade de se trabalhar de qualquer lugar. (1)
Observamos também que a tecnologia incrementa um formato mais direcionado a sustentabilidade com menos uso de papel, informatização de processos nas empresas, maior agilidade o que leva a diminuição de alguns cargos de trabalho como antigamente os serviços de um profissional para fazer cópias de documentos para agora digitalizações quem em segundos já ficam arquivadas em uma nuvem, reuniões que podem ser realizadas onde o colaborador estiver seja no trabalho ou em home office em qualquer local do mundo. A inteligência artificial que tem a capacidade de realizar atendimentos múltiplos e novas tecnologias que estão por vir e que ainda nem podemos nos dar conta neste momento.
Temos o lado positivo e negativo das novas formas de trabalho e mudanças nas organizações, exclusões de emprego e inclusões de demandas por novos profissionais; automatizações de processos repetitivos e aprimoramento dos profissionais frente às novas demandas. E em todo esse contexto, o trabalhador se viu sem tantas opções, fazendo parte da estatística da precarização dos trabalhos atípicos, conforme dados do IBGE, 2024 (2), com taxa de informalidade significativa, na casa dos 38,9%, segundo dados do trimestre encerrado em março de 2024.
Conclusão:
São tantas transformações, no qual as empresas tentam se ajustar ao novo mundo do trabalho que segue em constante evolução, e ao mesmo tempo são impulsionadas pela tecnologia e pela necessidade de adaptação às novas demandas econômicas e sociais. Existem ganhos de autonomia e flexibilidade, mas cresce a precarização e a insegurança dos trabalhadores. Realmente é um grande desafio para organizações, no sentido de equilibrar inovação e direitos trabalhistas, garantindo um modelo sustentável e menos excludente. Sendo assim, as projeções das formas de trabalho dependerão da busca por regulamentações e estratégias que minimizem os impactos negativos dessas mudanças para os trabalhadores e para a vida saudável das empresas.
Referências
1-Pacini Stefano, Tobler Rodolpho, Bittencourt Viviane S. Tendência do home office no Brasil. 2023. https://portal.fgv.br/artigos/tendencias-home-office-brasil. Acesso em: 20, março, 2025.
2- Instituto Tricontinental de Pesquisa Social. A situação da classe trabalhadora no Brasil e a nova pesquisa do Instituto Tricontinental. 2024. https://www.brasildefato.com.br/colunista/instituto-tricontinental/2024/05/22/a-situacao-da-classe-trabalhadora-no-brasil-e-a-nova-pesquisa-do-instituto-tricontinental/. Acesso em: 20, março, 2025.
Kovács, I. (2005). Emprego flexível em Portugal: alguns resultados de um projecto de investigação. In I. Kovács (Org.), Flexibilidade no emprego: riscos e oportunidades (pp. 11-53). Oeiras, Portugal: Celta.
Vasapollo, Luciano. O trabalho atípico e a precariedade. São Paulo: Expressão Popular, 2005.
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